O teu bebé passa demasiado tempo ao ecrã? 5 estratégias para reduzir a atração do digital

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Nunca é tarde demais para fazer um “detox digital”.

A tecnologia está atualmente e cada vez mais presente e embutida nas nossas atividades diárias. Quando bem usada, com conta, peso e medida, é sem dúvida uma aliada fascinante nas nossas vidas, a nível pessoal e profissional.

No entanto, são já vários os estudos que têm evidenciado as consequências negativas (a nível físico, neurológico, emocional e social), que a tecnologia pode provocar, especialmente na primeira infância. O alerta tem sido muito reforçado por vários profissionais de saúde, nomeadamente pediatras, investigadores, psicólogos, educadores e especialistas em desenvolvimento infantil e motricidade humana. Devemos por isso ter muita cautela e controlar bem os tempos de exposição aos ecrãs que permitimos aos nossos filhos – independentemente de serem tablets, telemóveis, videojogos, computadores ou televisão.

Sim, eu sei, às vezes não temos tempo nem paciência para driblar esse ímpeto de dar o telemóvel ou ligar a TV para que a criança fique ali quietinha enquanto eu consigo finalmente fazer alguma coisa! Sim, eu sei, às vezes parece ser a única solução para parar aquela birra em público que nos tira do sério. Acredita, eu sou muito solidária com tudo isso e, sim, eu também uso essas estratégias! Não significa porém, que não devemos estar cientes dos riscos e malefícios de uma exposição excessiva da tecnologia para as crianças, e tentemos minimizar o tempo de exposição e utilização destes dispositivos pelos nossos filhos.

Para te ajudar neste processo, convido-te a leres algumas dicas práticas que a autora do livro Childhood Unplugged, Katherine Johnson Martinko, revela, com base na sua própria experiência pessoal e em anos de investigação que a mesma dedicou a este tópico.

1. Manter os dispositivos fora da vista

Se o teu filho não conseguir visualizar telemóveis, tablets, computadores ou comandos de TV a probabilidade de solicitar algum desses dispositivos é muito mais reduzida. As crianças são muito inteligentes e, quando conseguem criar uma associação entre um objeto e uma experiência prazerosa, vão querer repeti-la vezes sem conta. Tornar esse dispositivo o mais inacessível possível fará que, com o tempo, o desejo da criança comece a diminuir.

Mas atenção: para que isto resulte é fundamental dar o exemplo. Não adianta tirar o tablet da criança se nós, pais, estamos sistematicamente com o telemóvel na mão. As crianças imitam os comportamentos dos adultos desde muito cedo.

E lembra-te, o grande problema é o uso excessivo e não o uso. Portanto, nem nunca, nem sempre. O desafio é encontrar um ponto de equilíbrio que seja positivo para toda a família.

2. Apostar em brinquedos simples e que estimulem a criatividade

A criança é um ser extremamente curioso por natureza. E a curiosidade, criatividade e imaginação são fundamentais para o seu desenvolvimento cognitivo.

Mas, ao contrário do que muitas vezes somos levados a pensar (nomeadamente influenciados pelo Marketing de marcas de brinquedos), não é preciso muito para envolver e satisfazer a curiosidade de uma criança. Podemos captar a atenção e a curiosidade de uma criança com coisas tão simples e banais como umas chaves, recipientes para abrir e fechar as tampas, panelas, uma bola, copos de plástico para empilhar, um livro, um par de sapatos, entre tantas outras coisas que temos em casa. Tudo isto são objetos que todos temos em casa e que podem fazer uma criança feliz e entretida durante um bom tempo.

Se lhe queres dar algum brinquedo, pensa e investe em opções de brinquedos que possam ser manipulados de diversas formas e que acompanhem o desenvolvimento da criança, as suas habilidades motoras e capacidade mental. Brinquedos eletrónicos, muito fechados a uma única função (basta carregar num botão e aquilo faz tudo sozinho) são muito pouco interessantes do ponto de vista do desenvolvimento cognitivo e criativo da criança.

3. Procurar atividades ao ar livre sempre que possível

Seja Verão, seja Inverno, esteja chuva, frio, vento ou sol, tenta sempre que te for possível levar o teu filho a apanhar um pouco de ar fresco. O contacto com a natureza, além de ser muito saudável, funciona como uma espécie de solução milagrosa para os acalmar e divertir.

A natureza na sua simplicidade e beleza desperta imensa curiosidade, interesse e criatividade nos mais pequenos. E fá-lo na dose certa, num equilíbrio perfeito: estimula os bebés e crianças mas não em demasia.

Uma simples folha que cai de uma árvore, um cão que passeia no parque, apanhar bolotas… são coisas extremamente simples e banais mas que provocam uma enorme curiosidade nos mais pequenos. Além disso, podem correr à vontade, saltar, jogar à bola, andar de bicicleta… que são tudo atividades que promovem o exercício físico, o desenvolvimento motor e combatem o sedentarismo. E ainda tem o benefício adicional de nos ajudar a acalmar, relaxar e serenar a nossa mente, principalmente se conseguirmos aproveitar esses momentos com atenção plena, no aqui e no agora.

4. Seguir uma rotina

Ter uma rotina bem definida e previsível, com momentos estabelecidos para tomar banho, comer, brincar e dormir, ajuda muito a evitar os períodos de tempo “vazios”, onde não sabemos muito bem o que fazer e onde a tentação de recorrer a algum aparelho eletrónico para nos entreter surge com muita frequência.

5. Envolver a criança nas tarefas domésticas

Tentar gradualmente, e à medida que a criança vai desenvolvendo a sua própria autonomia, envolvê-la nas atividades domésticas, pode ser uma ótima estratégia para entreter a criança, promover o seu desenvolvimento, ajudando a criar sentido de responsabilidade, ao mesmo tempo que nos permite ir fazendo as tarefas domésticas que temos pendentes.

Colocar a roupa suja na máquina de lavar, tirar a roupa do estendal, guardar os brinquedos, deitar coisas ao lixo ou colocar a louça na máquina são tudo tarefas que podem ser feitas com o envolvimento da criança (obviamente sempre sob o olhar atento do adulto). E podem inclusivamente ser feitas de forma estimulante, divertida, traduzindo-se em tempo de qualidade entre pais e filhos, rentabilizando assim as poucas horas do dia em que estão juntos.

Em suma, afastar os dispositivos da visão da criança, brinquedos simples que estimulem a criatividade, ler livros, fazer trabalhos manuais, procurar atividades ao ar livre sempre que possível, implementar e seguir rotinas estáveis e previsíveis e envolver sempre que possível as crianças nas atividades domésticas.

E lembra-te: as crianças não vão sentir falta do que nunca tiveram nem sabem que existe. Mas também nunca é tarde para fazer um “detox digital” para reduzir o tempo de exposição a ecrãs, se vos parecer que está a ser em demasia.

As crianças têm tão poucos anos para serem pequenas, inocentes e sonhadoras. Vamos abandonar os dispositivos e trazer de volta a magia de ser criança!

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