A sentir stress com as prendas de Natal? Espero que este artigo te ajude 

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Fundadora do projeto Mães às Claras

Deixa de lado a loucura consumista e vê as prendas de Natal com uma nova perspetiva. 

A quadra natalícia está repleta de festividades alegres, mas também de um consumismo interminável e agressivo que pode ser avassalador e uma fonte adicional de stress, associada à pressão social de termos de oferecer presentes aos familiares e amigos. 

As compras de Natal e as dificuldades em gerir o orçamento podem, por isso, gerar angústia emocional e financeira, e fomentar a ansiedade e o surgimento de sentimentos de culpa. 

A pressão constante e o marketing agressivo sobre o mais recente brinquedo XPTO que está a bombar na televisão e a avalanche de catálogos de brinquedos são difíceis de gerir para pais e filhos.  

Ao deixarmos de lado a loucura consumista, há aqui uma oportunidade para desenvolver uma filosofia mais significativa para a oferta de prendas. Uma que traga ponderação, razoabilidade e mais propósito e significado à arte de selecionar e oferecer prendas.  

Sabemos que pode ser muito difícil escolher prendas, especialmente quando existe a pressão para encontrarmos a chamada “prenda perfeita”. 

A pensar nisso, reuni um conjunto de recomendações que podem ser úteis, servindo como uma espécie de guia prático, que te ajudará a navegar com maior segurança e tranquilidade este processo, mantendo, ao mesmo tempo, a saúde psicológica e financeira.

Ler também: Calendário do Advento: o que é e o que precisas para construíres o teu

Definir expectativas adequadas à nossa realidade

Do ponto de vista financeiro nem sempre é viável oferecer presentes a todas as pessoas importantes, particularmente quando falamos de famílias mais numerosas.  

É legítimo limitar a lista, e escolher, por exemplo, dar presentes apenas às crianças, fazer o jogo do amigo secreto ou oferecer pequenas lembranças simbólicas. 

Posso partilhar aqui o caso da minha família. Pertenço a uma família numerosa (somos 5 irmãos e temos imensos sobrinhos). Então, há uns anos, decidimos unanimemente que, a partir desse ano, faríamos um sorteio entre os adultos e, dessa forma, cada adulto, presenteava apenas uma só pessoa adulta da família.

Assim, conseguimos poupar significativamente (tempo e dinheiro), dar prendas de maior qualidade e mais úteis a quem nos calhava no sorteio e passamos a ter muito menos stress provocado pela pressão de termos de comprar um número absurdo de prendas.

A filosofia “querer, precisar, vestir, ler” 

Esta filosofia já existe há muitos anos, mas tem vindo a ganhar popularidade como forma de combater o consumismo, controlar os gastos (e respeitar verdadeiramente o orçamento de Natal), ao mesmo tempo que incentiva a oferta de presentes que sejam realmente significativos e úteis.  

Destina-se principalmente às crianças que criam uma lista de “querer, precisar, vestir, ler” no Natal, mas os adultos também podem participar e pode ser aplicada a outras épocas do ano, como aniversários. 

De acordo com este artigo, a filosofia “querer, precisar, vestir, ler” é um conceito simples que divide as prendas em quatro categorias. 

O 1º passo é definir a quem é que se vai dar presentes este ano. Faz mesmo uma lista num Excel por exemplo, para não correres o risco de te esqueceres de alguém. 

Depois, para todas as pessoas da tua lista, pensa em:

  1. algo que elas querem;
  2. algo de que precisam;
  3. algo para vestir/calçar/usar;
  4. algo para ler.

As prendas de Natal não são o mais importante da época festiva (parece óbvio, mas às vezes quase nos esquecemos disso), e esta filosofia de oferta de prendas ajudará a combater o excesso consumista de prendas ilimitadas e, em vez disso, dará espaço a prendas mais conscientes.

1. Algo que elas querem

O primeiro passo é pensar no que elas querem. Quais são os seus interesses, hobbies ou gostos? Estão a aventurar-se na fotografia ou na jardinagem? Talvez adorem ler romances ou ver filmes de terror?

Compra uma prenda que vá de encontro ao que elas gostam de fazer: utensílios de cozinha para um pasteleiro, um cartão-oferta de teatro para alguém que gosta de cinema ou um livro sobre fotografia para um fotógrafo em início de carreira. 

No caso das crianças, esta é a categoria em que as crianças mais dispersam, porque elas querem tudo. Por isso é preciso perguntar-lhes qual o presente que elas querem muito, mas mesmo muuuuuuiiiiito, por exemplo, uma bicicleta, uma Playstation, etc.

2. Algo de que precisam

Quando abordas o tema das prendas ao nível de “o que é que esta pessoa precisa”, não há como errar. Receber uma prenda que satisfaça uma “necessidade” pode proporcionar uma enorme sensação de alívio.  

Pensa no que o destinatário dessa prenda faz diariamente e que tipo de produto ou serviço poderia tornar alguma parte da sua rotina mais confortável ou eficiente. 

Talvez isso seja um casaco quente para o inverno para alguém que vai a pé diariamente para o trabalho ou para a escola, uma nova máquina de café para alguém cuja máquina avariou, ou um bilhete para um concerto para uma mãe que precisa de respirar um bocadinho e de se divertir. 

No caso das crianças, pensem por exemplo, o vosso filho toca algum instrumento musical, ou joga futebol e precisa de umas chuteiras novas?

3. Algo para vestir/calçar/usar

A filosofia “querer, precisar, vestir, ler” tem em consideração também o estilo pessoal de cada pessoa a quem vamos presentear. 

Mesmo que a tua ideia seja comprar camisolas para todas as pessoas da tua lista e estejas a procurar as melhores ofertas de camisolas, em princípio estarás à procura de opções e estilos completamente diferentes para os adolescentes vs os adultos vs os mais pequenotes. 

Pensa em como eles gostam de se expressar. São atraídos por uma cor específica? Um tipo de fit em particular? São fãs de alguma marca?  

Se são pessoas que usam sempre algum tipo de joia ou outros acessórios, talvez possas pensar em opções desse género (brincos, pulseiras, malas, lenços, etc.) 

No caso das crianças pensa em coisas que elas gostam mesmo de usar. Umas sapatilhas de determinada marca, um relógio…

4. Algo para ler

Os livros nunca são demais! Há (ou deve haver) sempre espaço para mais um. Se optares por oferecer um livro pode ser de um género que já sabes que a pessoa vai adorar ou podes ser mais arrojada e experimentar oferecer algo novo e diferente, que achas que a pessoa poderá gostar.  

Se adora romances de Natal, podes experimentar oferecer um romance histórico – se for fã de Bridgerton, em princípio esta é uma categoria que certamente irá adorar!  

No fundo, a filosofia “querer, precisar, vestir, ler” facilita as coisas a toda a gente, durante a época festiva. A tua prenda deixará a pessoa genuinamente feliz, o que te deixará a ti igualmente feliz ao veres essa reação.  

Com esta filosofia fica mais fácil gastar menos e desfrutar mais.  

Além disso, a investigação tem revelado que as crianças brincam mais e melhor quando têm menos opções; e as nossas contas bancárias também saem a ganhar!

E as vantagens não se ficam por aqui:

  • Reduz as opções de prendas que podemos dar (a nossa mente vai agradecer); 
  • Facilita a escolha de prendas mais económicas; 
  • Muda a ênfase da quantidade para a qualidade;  
  • Reduz as despesas; 
  • Contribui para que o orçamento estipulado seja respeitado; 
  • Combate o consumismo; 
  • Pode diminuir a desordem e o desperdício; 
  • Incentiva a uma maior responsabilidade e autonomia das crianças (se forem as crianças a pensarem nestes 4 critérios) 
  • Incentiva a oferta de prendas e experiências mais profundas e significativas

Em suma, é uma excelente forma de poupar no Natal, limitar o consumismo e fazer com que as nossas crianças passem a dar mais valor ao que realmente importa. 

Definir um orçamento

Depois de fazeres a tua lista de pessoas a quem queres presentear no Natal, deves definir um valor que queres gastar por pessoa. 

Não tem obviamente de ser um valor igual para todos. Provavelmente, vais querer investir mais nas prendas para o teu filho do que na prenda para uma irmã(o) ou tio(a). 

A minha sugestão é: cria mesmo um ficheiro Excel e lista todas as pessoas a quem queres oferecer prendas e o valor estimado ou valor referência que queres gastar com cada uma delas. 

Podes também fazer a soma de todos esses valores para perceberes qual o valor total estimado para o orçamento das prendas. Este valor deve estar obviamente ajustado às tuas finanças pessoais para evitar ansiedade e algum desequilíbrio financeiro, que te possa deixar numa situação mais desconfortável.

Negociar a lista de desejos com as crianças

É importante que as crianças compreendam e desenvolvam hábitos financeiros saudáveis desde cedo.  

Esta é a altura ideal para lhes falares das prioridades e ajudá-las a selecionar os presentes mais importantes. 

Não dá para ter tudo…

Antecipar as compras

Os presentes de última hora podem ter a consequência frequente de suscitar mais stress e de se acabar por gastar mais dinheiro do que seria suposto. 

Lá por serem prendas de Natal não têm de ser compradas em dezembro, mesmo em cima da data! 

Podes até comprá-las no verão! Aproveita boas promoções que vão acontecendo ao longo do ano e compra já a pensar no Natal. Assim o esforço financeiro será diluído ao longo de vários meses. 

Pessoalmente, aqui em casa gostamos de comprar todas as prendas até ao final de novembro. 

Assim, podemos viver o mês de dezembro com muito menos stress e mais centrados na magia e na essência da época (e claro, em todas as outras coisas que é necessário comprar ou fazer: para a ceia, jantares com amigos, idas a mercados de Natal, festas de escolinha, festas da empresa, etc.).

Não te sintas culpada

Felizmente, a celebração do Natal não se esgota na compra de presentes.  

Se estamos a viver uma fase de maior aperto financeiro, podemos investir nas relações com familiares e amigos de outras formas: com cartas de gratidão, lembranças feitas com as crianças, produtos artesanais, etc.

Recentrar a celebração do Natal

As memórias de Natal não se fazem só de presentes desembrulhados, mas também de tradições, risos e histórias partilhadas. 

Recentrem a celebração do Natal na sua essência e nos seus valores: o espírito de solidariedade, partilha, união, família, humildade, paz, empatia… 

As memórias mais marcantes que eu tenho dos Natais da minha infância, não são presentes. 

Mas sim, o cheio da aletria e da canela, da cera que a minha mãe passava no chão da sala, de irmos ao musgo para o presépio, da família reunida à volta da mesa a comer batatas e bacalhau, de irmos ao sótão buscar as decorações de Natal e ligar as luzinhas pela primeira vez! 

E as tuas memórias mais fortes? São de prendas? Se tivesse de apostar diria que não…

Fontes:

  1. 2021. Idealista. 9 dicas para sobreviver à pressão do Natal (psicológica e financeira)
  2. Stacey James. 2023. Motherly. The ‘want, need, wear, read’ philosophy makes Christmas shopping a total breeze

 

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