8 dicas de produtividade para mães pressionadas com o “ter de fazer tudo” 

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Fundadora do projeto Mães às Claras

A maioria das dicas de produtividade não foi escrita nem pensada para mães — estas estratégias que aqui vais ver neste artigo são diferentes.

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Nos últimos anos tenho vindo a ler e a estudar formas de gerir melhor o meu tempo, ser mais produtiva e sobre como conseguir maior disciplina e foco para alcançar os meus objetivos. 

Mas a verdade é que, depois de seres mãe começas a ver tudo numa perspectiva diferente. 

A verdade é que o mundo dos negócios foi construído e projetado por homens, para homens, preferencialmente para homens sem filhos, ou cujas mulheres estavam em casa e assumiam a íntegra responsabilidade pela gestão do lar e dos filhos.

Quase todas essas dicas de produtividade — com algumas exceções — são partilhadas por pessoas que não são os principais responsáveis pelos cuidados das crianças em casa.

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É tempo de reformular as dicas de produtividade para que não sejam apenas pensadas e dirigidas para homens sem filhos. 

A verdade é que muitas das estratégias que a Internet sugere simplesmente não são possíveis para pais que trabalham e têm filhos pequenos. 

Mas os pais de crianças pequenas também querem ser produtivos! Continuam a ter sonhos, ambição e querem acrescentar valor ao mundo. 

Mas os conselhos tradicionais simplesmente não se encaixam.  

Então, aqui estão algumas dicas de produtividade, partilhadas por Alexis Grant neste artigo, pensadas e adaptadas à realidade de pais que trabalham e têm crianças pequenas.

E eu tenho de ser realista: eu estou exatamente no mesmo barco que vocês. Eu luto com estas coisas todos os dias. É um work-in-progress para mim.

1. Ignora os conselhos tradicionais

Eles não foram escritos para nós. Em vez de serem úteis, eles podem-te fazer sentir pior sobre o quanto és capaz (ou não) de realizar. 

A verdade é que tu, muito provavelmente, fazes muito mais do que a pessoa que escreveu aquele livro, porque estás a cuidar de seres humanos, enquanto continuas a avançar nos teus projetos profissionais (mesmo que seja apenas um centímetro de cada vez). Isso leva-nos ao segundo ponto…

2. Considera a gestão da tua casa como uma conquista 

Quando fazemos um balanço do que realizamos no final de cada dia, muitas vezes olhamos apenas para o nosso trabalho “remunerado”. 

Ignoramos frequentemente todas as coisas que fizemos para manter a nossa família a funcionar: alimentar as crianças; levá-las à creche ou escola; limpar o chão porque a nossa filha entornou um copo de leite propositadamente; lavar uma carga de roupa porque a fralda noturna do nosso outro filho vazou e molhou os lençóis; pensar e preparar os alimentos para o jantar; fazer a lista de compras e ir ao supermercado; e a lista continua e continua… 

Quando tens a sensação que não fizeste nada o dia inteiro e foste muito pouco, ou mesmo nada produtiva, experimenta isto: 

Revê mentalmente todo o teu dia e lista tudo, (mas mesmo tudo!) o que fizeste. 

Vais ficar chocada com a lista interminável de coisas que realizaste! 

E, no entanto, quando olhamos para o que fizemos durante o dia, ignoramos por completo esses itens como se eles não contassem! Porquê? Talvez porque a sociedade nos diz, todos os dias, que o trabalho não remunerado não é valioso e, por isso, permanece invisível.  

Então, mesmo sabendo que isso não é verdade, muitas vezes temos dificuldade em absorver e acreditar nisso efetivamente. 

Há muita coisa escondida dentro das paredes de uma casa. Provavelmente até mesmo no próprio prédio onde vives, outra mãe está a viver uma situação idêntica à tua. Quão bom e útil seria para ambas terem o ombro uma da outra para desabafarem e se entreajudarem?

3. Prioriza o sono 

Quando os conselhos tradicionais de produtividade dizem para dormires o suficiente, eles partem do pressuposto de que fazer isso é tão simples quanto decidires ir para a cama mais cedo, em vez de ficares acordada até tarde nas redes sociais. 

Mas, e se para dormir 6 horas, tivermos que ir para a cama 10h antes do despertador tocar? Para acomodarmos os vários despertares noturnos do nosso filho (períodos durante os quais, em princípio não estaremos a dormir)? 

E se dormir o suficiente significar literalmente não fazer todas as outras coisas que a estratégia de dormir mais deveria ajudar a alcançar? E se tivermos que escolher entre dormir ou tomar banho? 

Ninguém está a exagerar ou a inventar coisas: esta é a realidade de grande parte dos pais que trabalham e têm crianças pequenas.  

Ficar acordado metade da noite e depois ter que estar funcional no dia seguinte, como se tivessemos dormido maravilhosamente bem, é difícil. Muito difícil.  

E muitos de nós adicionam um emprego a tempo inteiro em cima disso.  

Se não vives (ou viveste) essa realidade, pode parecer que estou a exagerar, mas é exatamente assim que é regressar ao trabalho, tendo um bebé de 4, 5 ou 6 meses. 

Se estás nessa situação, prioriza o sono acima de tudo. Não te sintas culpada por isso nem por um segundo que seja. 

Quando estás exausta, é difícil tomar decisões inteligentes. Estarás a ajudar se dormires primeiro, mesmo que isso signifique “não fazer mais nada”. 

4. Lembra-te: isto é temporário 

Aquela fase em que já não sabes o que é dormir uma noite inteira de sono? É temporária. Pode durar anos e parecer que dura para sempre (eu ainda estou nessa luta e a minha filha tem 3 anos), mas é temporária e eventualmente vai melhorar. 

Com o cansaço acumulado e a privação de sono, pode vir também uma sensação de já não estares a conseguir processar e ter ideias como tinhas antes. Parece que diminuímos as nossas capacidades intelectuais e que perdemos competência enquanto profissionais. 

Mas, mais uma vez, isto é temporário. Quando voltarmos a dormir bem, a termos mais tempo para cuidar de nós e descansar, o nosso cérebro vai recuperar as suas capacidades. 

Só não voltarás a ser a mesma profissional que eras porque terás agora novas skills, mais aprimoradas, que a maternidade te vai trazer: gestão de conflitos, escuta ativa, inteligência emocional, criatividade, entre tantas outras coisas. 

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5. Considera as interrupções como a nova constante

Embora a maioria das fases da vida seja temporária, este aspeto não será: nunca mais vais trabalhar sem interrupções.  

Depois de termos filhos, as coisas quase nunca sairão como planeado, para o bem ou para o mal. 

Quando começares a ver isso como um dado adquirido, e não como um desvio ou exceção, vais-te sentir mais aliviada e menos frustrada. 

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Ter filhos pode limitar a nossa capacidade de trabalho remunerado e pode significar que não nos conseguimos levantar às 5 da manhã para meditar ou ler 52 livros num ano. Pode significar que estamos exaustos e apenas a tentar sobreviver a cada dia, em vez de “maximizarmos nosso potencial”. Pode significar que queremos dar um murro no colega de trabalho bem-intencionado e sem filhos que sugere que “tens de cuidar primeiro de ti”.

Mas criar filhos é um trabalho importante, o mais importante de todos!

6. Encontra a tua aldeia e as pessoas certas 

Conversa com outros pais sobre como eles gerem este malabarismo. Algumas das melhores estratégias tendem a ser invisíveis porque nem sempre nos sentimos confortáveis em falar sobre elas. 

Pensa além do óbvio. Não tens pais ou sogros por perto disponíveis para ajudar, analisa outras opções (contratar ajuda é um ótimo exemplo). Além disso, podes ter alguma tia, prima ou até mesmo amigos que teriam imenso gosto em poder ajudar!

Pesquisa também sobre grupos de pais. Grupos presenciais serão sempre melhores para criar uma maior conexão e momentos de partilha. Mas nem sempre existem por perto. Nesse caso, terás sempre a opção de recorrer a comunidades online. 

O importante é perceberes que tu não estás sozinha! Mas às vezes pode parecer que sim. 

Há muita coisa escondida dentro das paredes de uma casa. Provavelmente até mesmo no próprio prédio onde vives, outra mãe está a viver uma situação idêntica à tua. Quão bom e útil seria para ambas terem o ombro uma da outra para desabafarem e se entreajudarem?

7. Comunica

Esta é uma das coisas mais difíceis de fazer quando estás com privação de sono e cheia de stress. Especialmente quando queres dizer as coisas de forma gentil e delicada, de forma a manter relacionamentos que são importantes para ti. 

Mas esforçares-te para estabelecer uma comunicação clara e assertiva, tornará a tua vida mais fácil. E isso deve começar logo em casa, com o nosso parceiro. 

Um dos maiores fatores de stress e discussões em casa está relacionado com a gestão das tarefas domésticas. Definir de forma clara, o que precisa de ser feito e quem faz o quê, faz imensa diferença. 

Há um livro (e um jogo de cartas) que recomendo para este tema: Fair Play

Acho particularmente interessante o jogo de cartas que a autora criou para o efeito. Ao gamificar o tema, tornando-o num jogo, consegue transformar algo aborrecido (quem gosta de lavar sanitas, não é?), em algo mais dinâmico e divertido! 

Podem também pensar em agendar uma reunião com uma frequência pré-determinada, tal e como se tratasse de uma reunião de trabalho. Coloca mesmo na agenda, como se fosse uma consulta médica, e partilha com o teu parceiro esse evento do calendário. 

Estes tópicos não são fáceis e interessantes para conversas e, se não tivermos um horário pré-combinado para os discutir, simplesmente não vai acontecer! E os problemas e mal-entendidos virão à tona, mais cedo ou mais tarde. 

8. Olha para o que já alcançaste 

Não, eu não me estou a referir ao teu projeto profissional mais recente.  

Estou mesmo a referir-me àquele pequeno ser humano que trouxeste ao mundo e que agora se está a tornar em alguém que vai contribuir para a sociedade de forma significativa. 

É bom construir uma empresa, uma marca ou uma carreira; mas é muito mais incrível “construíres” um ser humano. 

Isso deveria ser óbvio, mas nem sempre o é… 

Clayton Christensen, autor do livro “How Will You Measure Your Life?” fala sobre como pessoas de alto desempenho tendem a cometer o erro de se concentrarem demasiado no seu trabalho em vez da família.  

Fazemos isso em parte porque isso nos traz retornos imediatos, enquanto o trabalho árduo de criar bons filhos pode levar mais tempo para produzir resultados positivos. 

Mas onde o autor quer chegar com esta afirmação é que todo esse tempo e energia que colocamos nas crianças – isso importa! 

Pode limitar a nossa capacidade de trabalho remunerado e pode significar que não nos conseguimos levantar às 5 da manhã para meditar ou ler 52 livros num ano. Pode significar que estamos exaustos e apenas a tentar sobreviver a cada dia, em vez de “maximizarmos nosso potencial”. Pode significar que queremos dar um murro no colega de trabalho bem-intencionado e sem filhos que sugere que “tens de cuidar primeiro de ti”. 

Mas criar filhos é um trabalho importante, o mais importante de todos!

Termino partilhando este pequeno vídeo contigo. Já tem alguns anos, mas a mensagem é totalmente intemporal e muito inspiradora. 

MOTHERS DAY JOB INTERVIEW

Vale a pena ver! 

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