Ninguém nos ensina a ser Mãe: “Se eu soubesse o que sei hoje”

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Rute Pinheiro
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Partilho o meu testemunho muito sincero na esperança de que ajude mais mães a falar e a não ter medo de assumir que nem tudo é romântico neste papel de Mãe.

Ninguém nos ensina a ser Mãe mas “se eu soubesse o que sei hoje”, tinha vivido aqueles primeiros tempos do nascimento dele com mais leveza, menos exigência sobre mim própria e pedia ajuda desde o primeiro momento.

A frase “se eu soubesse o que sei hoje” fez muito mais sentido depois de ser Mãe. Ninguém nos prepara, ninguém nos ensina a ser Mãe, por mais cursos, livros, bitaites ou opiniões que possam dar. O instinto ajuda sem dúvida, mas só se já tiver voz ativa dentro de nós,  caso contrário é mais uma a adicionar a tantas outras que surgem na altura do pré, pós-parto e infância dos nossos filhos.

As gravidezes, para mim, foram um verdadeiro estado de graça, correram bem, tranquilas e bem vividas.

Mas ninguém me disse que o nascimento de um bebé iria fazer de mim uma outra pessoa, não estava preparada para isso acontecer de um momento para o outro.

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Tudo é romântico na gravidez, as roupinhas, as fotos, o quartinho, o carrinho, o sapatinho, etc…

Até que um ser nasce e colocam-no nos nossos braços e espera-se que haja uma imediata conexão profunda com aquele ser que acabamos de conhecer. Eu não a tive.

Senti-me assoberbada pelas emoções, pelas hormonas, pela responsabilidade e pela obrigação do “agora o importante é ele!”, “ele depende inteiramente de ti!“.

Passaram-se alguns dias até me conseguir aperceber que ele já não estava na barriga, que existia cá fora, que era um ser que dependia de nós e fazia agora parte da nossa dinâmica e da nossa casa.

A pressão de ter de saber e fazer tudo bem, de ser excelente no papel de Mãe começou logo a desmoronar quando a amamentação não correu bem e a partir daí foi um dominó.

Chegou então O dia de ficar sozinha pela primeira vez com ele em casa, e, na verdade, acabou por ser só meio dia. Outros dias se passaram, até um deles em que não consegui ultrapassar o som agudo do choro dele e paralisei, com ele nos braços, estática à espera que o tempo passasse até o Pai chegar. 

Não podia continuar assim…Senti-me num abismo, entre dar um passo em frente ou um passo atrás.

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Escolhi, naquele dia, dar um passo atrás, com a ajuda do Pai, dos nossos Pais, dos meus Irmãos, e de tantas outras pessoas que constroem ainda hoje a nossa rede de apoio.

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Hoje, quando tenho amigas que estão grávidas pela primeira vez, não romantizo, falo a verdade, conto a minha experiência, e estou disponível se elas quiserem ajuda.

Se eu soubesse o que sei hoje“, tinha vivido aqueles primeiros tempos do nascimento dele com mais leveza, menos exigência sobre mim própria e pedia ajuda desde o primeiro momento.

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Hoje em dia ser Mãe não deixa de ser exigente, uma Mãe nunca deixa de o ser, pode é não o sentir ao primeiro segundo.

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